quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Felicidade em movimento

Anda, anda!
Andar por quê?
Andar pra quê?
Pelo mundo afora.
Pela vida, ora!

Ao fundo, a voz canta
Teu corpo levanta
Movimento se encanta
Energia que espanta!

Os olhos espelham alegria
Quanta magia!
Por eles, um novo dia se cria


Corre, corre!
Correr pra onde?
Correr de quê?
Da tua angústia, dos teus medos...
Pra tua felicidade!

Vamos, um, dois, três, dez, cem...
Vai além, cativa alguém!
Faz um bem...
A alma do corpo refém? Nem vem?
Saudáveis apenas, amém!

Corta o quê? Pula pra onde? Chuta daqui?
Sim, daí!
A vida é pra sorrir
Corta a tristeza onde vir
Pula pra outra, se o coração pedir!

Profissionais do corpo que afagam as almas,
Ensinam, aprendem, praticam
A vocês, as palmas
De uma platéia que chora suor,
Transpira problemas de cor
Mas sem perder o sorriso ao redor

Vocês, maestros da batuta invisível,
Silenciem por um instante as vozes
Pra que nossas almas digam velozes
Caminhar é possível
Viver, incrível!

Quatro horas que mudaram o mundo

Interessante perceber como algumas tecnologias vão permitindo descobertas geniais. Acabo de me convencer que outras “ologias” – as mais ocultas - estão erradas, precisam ser revistas, deu a louca nos astros ou eu estou ficando louco. Explico.

Outro dia estava navegando por um desses sites conhecidos de ‘expansão de círculos’ (a última vez que tinha ouvido falar nisso era nas aulas do velho Dionísio, que conseguia, com maestria, conduzir o giz pelo quadro negro desenhando uma circunferência perfeitamente curvilínea). Mas dizia eu da minha navegação virtual quando me deparei com uma “comunidade” absolutamente única: o dia do meu aniversário!

Sim, depois dos “eu odeio algo ou alguém” e “fora fulano ou cicrano” criaram uma comunidade decente: o dia do nascimento. Imagina... depois que o primeiro sujeito teve o arroubo de genialidade foi copiado por outros 365 (imagino que a mais interessante das 366 seja a do pessoal de 29 de fevereiro, que só pode assoprar velinhas de verdade a cada 4 anos, mas sigo curioso pra saber quando o tal gênio nasceu...).

Mouse vai, clique vem, e eis que alguém surge com o tópico tão esperado, mas que ninguém havia tido coragem de postar: você é de que ano? Hum... senti um arrepio na espinha e aquela sensação de frio na barriga incontrolável. Finalmente os dezessetanos de dezembro saberão quando nasceram seus pares de velinhas.

Minha mãe sempre gostou de astrologia. Nunca fui muito metido no assunto, mas algo me levou a concluir que aquela seria a chance derradeira de saber se os “ólogos” da vida estavam certos. A primeira a se voluntariar – e sugerir o tópico - foi uma simpática senhora de óculos escuros. Pensei: será esse meu futuro? Ser um simpático senhor míope charmoso que fica navegando na Internet com idéias geniais sem muita utilidade?

Antes que me ocupasse da resposta, outras manifestações começaram a aparecer. Em tese, deveriam ser sucintas, afinal, a pergunta era bastante clara. Mas como os sagitarianos são vaidosos! Cada um fez questão de dar pitaco na sua própria resposta. Eis que na terceira tacada chega a Marisa e emenda: “tb sou bem experiente!!!!” Taí outra característica nossa: não assumimos que envelhecemos, aí velhice vira experiência, sabe como é... (ah, e as quatro exclamações bem espalhafatosas ao fim da frase não seriam de se espantar em se tratando de alguém mais jovem... mas vá dizer isso pra um sagitariano “experiente”...)

A criatividade do Zé Faria o levou a fazer uma espécie de auto-degustação: sou da safra de 1952. Faltou dizer se era argentino, chileno, francês ou italiano... Pra não fugir à regra veio logo a Mila cantar de galo: acho que sou a + nova aki, Bem, que é nova não precisa dizer. Basta ver que, com um econômico e moderno “+” e um “k” espremido entre duas vogais ela deu um prepotente tiro no “qu”.

Duas horas depois a Carol, inconformada, foi dizer que ela sim era a mais nova, e provou por a mais b. Coitado de mim... eu que nem estou tão velho, comecei a me sentir um trapo. Elas não viram os caras-pintadas, os colloridos roxos, as diretas, o playmobil, o atari, os discos de vinil... Mas devem estar felizes com as tchutchucas, os tigrões e as festas no apê. Pior a Bia, tadinha, nasceu em 93 e se declarou radiante a mais nova da casa. Não viu o Senna correr nem morrer. Não viu a inflação subir nem descer. Em compensação, deve achar que o futebol brasileiro é algo do outro planeta e até hoje deve se perguntar pra que disputar copas se todo mundo já sabe qual o melhor time (sei não, pensando bem, não deve dar muita bola pra isso...).

Enquanto isso, a Bárbara, mostrava alívio com o destino que a poupou de não ser dezessetana: “às 23:30h. Ufa, por pouco sou do dia 18.”. Tristeza mesmo só pro velho Rodolfo de 1969, cuja melancolia em pouco lembrava o jovem Marcus de 1957: até disse a hora em que nasceu! A Vanessa, por sua vez, parece daquelas que não se cansam de aumentar sua “circunferência social”: “eu nasci em 1983!!!! Quem tbm nasceu no mesmo ano que eu, mi adiciona la tah!!! Bjos.(sic)" Lamento, vanessinha, mas vou ter de ser seu inimigo mordaz por causa de 2 anos...

Tava uma delícia a busca e a cereja do bolo foi quando achei o Rafael de 1981. Não acreditei! Pronto, a confirmação de que há outro como eu! Não sou único! E pelos que os “ólogos” insistem em dizer, deve ser igualzinho a mim! Bom... semelhante, afinal o cara nasceu quatro horas antes... Parecido comigo, pra ser preciso, já que ele estampa seu voto pro “não” no referendo com a mesma convicção com que votei “sim” ...

"O valor das coisas nao esta no tempo q elas duram, mas sim na intensidade com que elas acontecem". Que apresentação! Bravíssimo! Que sintonia! Os astros não mentem! Então era só confirmar a regência solene do espaço: saí a caça das comunidades adeptas do meu homônimo, homoânomo e homodátano.

Ele, de São Paulo; eu, do Rio. Ele, Inri Cristo para papa; eu São Francisco de Assis; ele, Portal do Inferno; eu acampamento Paiol Grande; ele Jason; eu Cidade dos Sonhos; ele bateria, eu violão e teclado; ele, estranho; eu, no máximo, converso com meu cachorro e sou meio esquecido; ele diz que vai pro inferno, eu já não gosto de violência nos estádios; o humor dele é negro, o meu, irônico e suave; o genérico gosta de zumbis e mortos-vivos; eu só quero acampar e fazer trilhas; ele é a favor da pena de morte, eu luto pela vida; ele acha brinquedos traumatizantes, eu jogo Playstation, e daí? Isso pra não dizer que transformava pregadores de roupa coloridos em jogadores de futebol; ah, ele odeia futebol com a mesma gana que eu morro de paixão pelo esporte, e ainda por cima acredita no horóscopo egípcio!

Quer saber? Já não acredito é em horóscopo nenhum!