segunda-feira, 3 de junho de 2013

Gotas de liberdade


Cada pedaço de nosso mundo é virtual, é imaterial, é fluido, é social. Nada aqui me pertence ou te pertence. Se está aqui, é nosso.

Os textos, as fotos, os vídeos, os momentos e pensamentos compartilhados são nossos não apenas porque os temos por caros, mas por virem de um sentimento vivenciado por nós, apropriado e reproduzido por cada um em sua singularidade, mas ao mesmo tempo pela comunidade que nos forma.

Se nascemos livres, cresçamos livres, e que o poder da palavra seja a liberdade manifesta!

Viva o poder do elogio que não nos faz cativos! Viva o amor liberto, porque amor só se conjuga assim: nós nos amamos a todos. E nos elogiamos, e nos flertamos, e trocamos fluidos e experiências.

Não ao aprisionamento, ao bloqueio, à palavra e ao gesto que restringem e exclusificam. Não ao ciúme, à inveja e à soberba, filhos do despotismo de uma ordem que nossas almas saberão sepultar no curso de nossa história.

Vivemos a era das relações fluidas, do amor fluido, do afeto fluido. Não dá para separar mais o homem de sua produção nem de sua reprodução, e não há propriedade quando cada um de nós contribui com um andar nesse imenso castelo, ainda que de areia, que é o mundo moderno.

Em cada momento vivido, em cada produto, por mais material e impessoal que pareça, há a pegada da singularidade, do único, do criativo, do belo, enfim, do divino, que é a volta ao Uno.

Nós somos autores de nossa existência. Então tratemos de cumprir o dever de contemplar e reproduzir o belo que há em cada um de nós, dia após dia, menos preocupados com nossa imagem e privacidade e mais com o bem-estar dos que nos cercam.

sábado, 1 de junho de 2013

Julgamento e sabedoria



Julgar pra quê? Quando a chuva cai, não julga se vai dar vida a novas plantas ou destruir cidades inteiras. Assim que o sol nasce, não questiona se será o vilão dos que não suportam o calor ou a beleza da paisagem enamorada.

Se Deus que é onisciente me concebeu, mesmo sabendo de cada falha que eu poderia cometer, mesmo conhecendo a fundo a alma do seu filho, sequer julgou se eu merecia ou não estar aqui, porque serei eu a julgar a falha alheia? Ainda julgo porque erro. E erro porque julgo. É recíproco enquanto eu for aprendiz. E nessa escola onde somos todos alunos e professores, a falha de uns é acerto de outros.

Por que seria você a atirar-me a pedra? Se julgares que mereço, faça-o. Mas tenhas certeza de que um dia terás a oportunidade de refletir por isso. Refletir como faz um espelho ou um riacho aos seus pés. Projeta tua imagem e te fazes crer que és único, sem perceber que não passas de uma projeção distorcida de ti mesmo.

E que curioso! Vivemos por essas projeções. Através de imagens falsas ou incompletas de nós mesmos ou daquilo que nos dizem para ser ou fazer. Quantas vezes nos perguntamos o que fazemos aqui?

A resposta a essa pergunta se chama busca. Por isso é uma estrada sem fim. Sem fim mas jamais sem rumo. Cada passo fica registrado. Se te ofendo, o perdão começa em mim. Se me maltrato, quem sabe a cura esteja em você?

Por que somos irmãos? Talvez porque o outro seja nada menos do que a extensão de cada um. Minha alegria só se completa quando te faço sabê-la. E meu luto só diminui quando olho para sua dor.

Se meu coração anda doente, não se conforma com a tua realização e trabalha em silêncio para que ela se desmanche. É nossa infância de espírito sem saber lidar com o brinquedo que não temos. Não seria tão melhor reconhecer e aprender em vez de julgar?

Por que o do outro é sempre mais gostoso? Porque sem o outro nada faria sentido. Por isso adoramos as fotos, os blogs, orkuts, facebooks, mp3, o bate-papo com os amigos e o almoço da família. Por isso choramos a partida de um ente querido. É um pedaço nosso que se vai, mesmo se um dia outro quiser essa vaga.

Nosso dia é curto. São 86 mil segundos que passam num piscar de olhos. Os anos se vão em bem menos tempo. Quando nos damos conta, lá estão os fogos a espocar nos céus e a esperança em nossa alma.

Então, por que julgar, criticar, ofender, magoar? Não podemos simplesmente sorrir ou chorar? Deixar fluir nosso sentimento como ele vem ao mundo. E nos abracemos diariamente, ainda que em pensamento, numa corrente de amor sem fronteiras.

Faz bem para os espíritos, faz bem para as cidades, famílias, para o meu vizinho, o seu, para o nosso país e para o planeta em que vivemos. Ele anda doente e só pede um pouco mais de amor. E isso nasce com cada um de nós. Pode acreditar.