segunda-feira, 25 de outubro de 2004

Matou o carro e foi pra boate


A reação dos candidatos ao título de campeão mundial após o GP Brasil de Fórmula 1 não deixa dúvidas: foi muito fácil para o homem lá de cima decidir de quem seria o troféu de 2007.

Fernando Alonso mostrou assombrosa frieza ao lamentar a perda do título em Interlagos. Parecia que não estava lá se importando tanto e, antes que alguém venha justificar a atitude na experiência de um bicampeão, a resposta eufórica de seus compatriotas em Oviedo mata a charada: o espanhol gargalhou por dentro de ver o campeonato escorrer entre os dedos do companheiro (?) Hamilton.

Pois Lewis, que desperdiçou o título com 7 pontos de vantagem sobre o adversário campeão e 4 sobre o desafeto Alonso, esse sim já deve estar numa crise sem tamanho, certo? Que nada. Depois de ele próprio confessar com absoluta tranqüilidade e as imagens confirmarem que apertara acidentalmente o botão de ponto morto de seu McLaren, foi filmado em uma boate de São Paulo. Na festa (?) oferecida pela equipe inglesa, devia estar contente por curtir as brasileiras e saborear o fracasso de Alonso - se eu não pude, ao menos o bicampeão não conseguiu...

Enquanto isso, bem longe dali, o improvável campeão Raikkonen confessa: é tanta felicidade que quase dói. E não podia ser diferente. Depois de amargar dois vice-campeonatos e ameaçar seriamente o reinado de Rubens Barrichello como o piloto mais azarado da Fórmula 1, Kimi recebeu, com juros e correção, o título que seu passado clamava.

Se Ron Dennis viu o título de sua equipe se transformar em pizza numa interminável sucessão de confusões entre seus subordinados - incluindo as estrelas da companhia -, a Ferrari parece ter aprendido a jogar em equipe sem constranger pilotos, espectadores nem jornalistas. Deixou que Massa e Raikkonen duelassem ao longo da temporada e, com precisão e lealdade britânicas, estabeleceu a prioridade ao finlandês.

A lição, aprendida pela Williams de Mansell e Piquet na década de 80 - quando entregaram um título líquido e certo de mão beijada para Prost -, tem sabor amargo apenas para Ron. Com lágrimas nos olhos, o único personagem realmente desapontado nessa história toda percebe que, justamente na Fórmula 1 das super-máquinas, não pode mais ter dois primeiros pilotos num mesmo time.

sábado, 23 de outubro de 2004

Há vagas

O Brasileirão chega à reta final. Daqui para frente, serão 6 rodadas com cara de decisão, sempre com jogos entre times de estados diferentes. Cada uma das 20 equipes vai jogar 3 vezes em casa e 3 fora. O título, todos já sabem, tem dono: o São Paulo. Isso não significa que muita coisa não estará em jogo. Vamos conferir:

Título
São Paulo
Não é impossível que o São Paulo já comemore seu título na semana que vem. Basta que o Cruzeiro não vença em casa o Atlético Paranaense e que o Vasco, em casa e de técnico novo, derrote o vice-líder Palmeiras. Bom, essa é a primeira parte, talvez a menos difícil. O problema é o próprio São Paulo superar o Sport, ameaçado de rebaixamento e lutando pela Sul-Americana, na Ilha do Retiro lotada. Se isso não for possível, a festa fica para o Morumbi, contra o América de Natal, já rebaixado. Os jogadores preferem assim e a vontade deles - e de milhões de são-paulinos - deve se cumprir daqui a duas semanas.

Libertadores
Fluminense
Campeão da Copa do Brasil, garantiu vaga e vai assistir de camarote à briga pelas primeiras posições e contra o rebaixamento. Pode ser o fiel da balança ao tirar pontos dessas equipes.

Palmeiras
Só perde a vaga se vacilar em casa. Precisa somar 8 pontos em 18 disputados, ir aos 62 e comemorar. Dos pretendentes às 3 vagas restantes, está em melhor situação. Basta vencer o já rebaixado Juventude, o classificado para a Libertadores Fluminense e o Atlético Mineiro - até a última rodada provavelmente livre do rebaixamento -, tudo no Parque Antárctica. Se quiser triunfar fora, vai precisar bater Vasco, Sport ou Internacional.

Cruzeiro
Desde que derrotou o Vasco, no dia 23 de setembro, não sabe o que é sair vitorioso. São 2 pontos em 15 disputados, um mês sem conhecer uma vitória sequer e, convenhamos, não tem hora pior para uma queda de rendimento do que as rodadas decisivas. Mesmo se analisarmos a tabela friamente, a tarefa celeste não é das mais fáceis: Precisa somar 9 pontos (3 vitórias) nos 6 jogos restantes. Enfrenta em casa Atlético Paranaense e América de Natal. Até aí, tudo bem. O problema são os 3 pontinhos que faltarão. Tem de ganhar do Flamengo - que não pode se dar ao luxo de perder mais pontos - e, se quiser buscar fora de casa, precisará passar por Botafogo, Internacional ou Sport.

Santos
Precisa somar 10 pontos (3 vitórias e 1 empate) em 18 disputados. Se mantiver o desempenho excelente em casa (não perde desde 28 de julho), passa por Goiás, Atlético Mineiro e Fluminense. Para arrumar o pontinho que falta, a receita é derrotar fora de casa o até lá rebaixado Paraná, porque se depender de vencer Flamengo ou Náutico, a coisa pode complicar...

Grêmio
Faltam 11 pontos (3 vitórias e 2 empates) para brigar novamente na principal competição das Américas. Tem uma tarefa muito dura para tirar o Flamengo do encalço e confirmar a vaga. Primeiro, porque, mesmo em casa, enfrenta duas equipes desesperadas para não cair: Corinthians e Náutico. Mesmo que vença o Figueira no Olímpico e o América em Natal, vai precisar buscar pontos importantes fora. E logo contra quem? Atlético Paranaense, que ainda não perdeu em casa no segundo turno, e São Paulo - nem precisa dizer.

Flamengo
A tradição de "time de chegada" é conhecida de outros carnavais, mas não vai ser fácil dobrar a lógica e conquistar 13 pontos em 18 disputados (72,2% de aproveitamento, sendo que o São Paulo tem 71,2%), ou seja, fazer campanha de time campeão. Serão 3 jogos em casa sem chance para derrota: Corinthians, Santos e Atlético Paranaense, além do rebaixado América em Natal. Difícil será tirar ponto do Cruzeiro, no Mineirão, ou do Náutico, nos Aflitos. Mas todo esse cálculo pode ir para o ralo se a perda de mando de campo se cumprir para os rubro-negros, após um copo ter sido atirado em campo na partida contra o Grêmio.

Rebaixamento
Internacional
Precisa apenas de 4 pontos em 18 disputados para não ser rebaixado. Chances não faltarão para o Inter cumprir esse objetivo inglório, embora os adversários sejam duros. Palmeiras e Cruzeiro podem complicar no Beira Rio, mas, diante do Sport, os 3 pontos devem vir sem tanta dificuldade. Fora de casa, pode roubar mais um pontinho do praticamente rebaixado Paraná, do Vasco ou do desesperado Goiás.

Vasco da Gama

Apenas 5 pontos separam o Vasco da permanência da primeira divisão. A tabela favorece os cruzmaltinos, que, embora enfrentem o motivado Palmeiras e o ameaçado Internacional em São Januário, podem se garantir vencendo o desinteressado Figueirense em Floripa e o quase rebaixado Paraná em Sâo Januário. Se não somar esses pontos, vai precisar tirar coelhos da cartola contra o desesperado Corinthians no Pacaembu ou o igualmente ameaçado Goiás, no Serra Dourada.

Atlético Mineiro
Dentre os ameaçados de rebaixamento, é o que tem a tabela mais a favor. Também precisando de 5 pontos em 18 disputados, pega o quase rebaixado Paraná e o moribundo Juventude do Mineirão. Vencer os dois jogos garante o Galo. Outra chance em casa será contra o Goiás. Se tropeçar em Minas, pode arrancar pontos do despertensioso Fluminense no Maracanã, para não ter de vencer Santos ou Palmeiras também fora de casa.

Náutico
A reação impressionante do segundo turno deixou o Timbu em pé de igualdade com os rivais na briga contra o rebaixamento. Só que agora começa um novo campeonato para os pernambucanos. Eles precisam de 5 pontos (1 vitória e 2 empates), que podem vir contra América de Natal, Santos ou Flamengo em casa. Se não der, podem tentar se salvar fora contra Grêmio, Fluminense ou Figueirense, ou seja, terão a tabela a seu favor. Difícil vai ser controlar a ansiedade.

Sport
A equipe pernambucana precisa apenas de 5 pontos em 6 jogos para chegar aos 48 e escapar do rebaixamento, mas a tabela é inglória com os rubro-negros. Enfrentam Sâo Paulo, Palmeiras e Cruzeiro em casa, todos com muito em jogo na competição. Fora, enfrenta o Atlético Paranaense, que ainda não perdeu em casa no segundo turno, e o Internacional, que dificilmente deixa pontos escapar no Beira Rio. Vencer apenas o rebaixado Juventude, em Caxias do Sul, na última rodada, pode não ser suficiente.

Goiás
Mesmo com 41 pontos e precisando de 7 para se salvar, a equipe goiana tem um trunfo: o número de vitórias. Como empatou pouco no campeonato, levará vantagem sobre um concorrente que terminar com o mesmo número de pontos do que ele. Mas a tarefa não será fácil. Vai precisar encontrar 2 vitórias e 1 empate contra Vasco e Internacional em casa ou Santos, Paraná e Atlético Mineiro fora. A partida contra o Corinthians, no Serra Dourada, é decisiva. Se vencer, praticamente elimina o concorrente direto e se garante na primeira.

Corinthians
Tem uma situação muito delicada, pois não depende apenas de si próprio. Tem de vencer 3 jogos e empatar 1 nos 6 que faltam, desde que não perca para o Goiás fora de casa. Além desta partida, vai precisar buscar pontos contra os despretensiosos Figueirense, Atlético Paranaense e Vasco, tudo em casa. Outra opção será vencer Flamengo ou Grêmio, fora.

Paraná
Tem de somar 14 pontos em 18, ou seja, cada jogo é uma decisão para os paranistas. Em casa, enfrenta Inter, Goiás e Santos. Fora, encara Atlético Mineiro, Botafogo e Vasco. Dificilmente escapa da degola.

Juventude
Só um milagre associado a improváveis combinações de resultados livram os gaúchos do rebaixamento. Para começar, precisa vencer os 6 jogos restantes: Botafogo, São Paulo e Sport, em casa, e Palmeiras, Atlético Mineiro e Fluminense fora.

América de Natal
Embora já esteja rebaixado, pode ser o estraga-prazeres se tirar pontos de quem luta pela Libertadores ou para fugir do rebaixamento. Jogar sem responsabilidade pode ser um ponto a favor do time potiguar.

Sul-americana
Figueirense
Precisa de 8 pontos em 18 para chegar aos 53 e garantir vaga na competição. Fluminense, Vasco e Náutico são os adversários em casa. Se não fizer a obrigação em Floripa, poderá buscar pontos contra Cornthians, Grêmio ou Botafogo. Dificilmente fica de fora.

Botafogo

Situação idêntica à do Figueira. Em casa, enfrenta Cruzeiro, Paraná e Figueirense. Fora, pega Juventude, América de Natal e Figueirense. A julgar o péssimo segundo turno da equipe, pode deixar escapar até mesmo essa vaga na Sul-Americana.

Atlético Paranaense
Assim como Botafogo e Figueirense, precisa de 8 pontos. Joga em casa contra Grêmio, Sport e Sâo Paulo. Fora, encara Cruzeiro, Corinthians e Flamengo. A tabela não ajuda, mas, se mantiver o ótimo desempenho na Arena da Baixada no segundo turno, deverá ficar com uma vaga. Os outros times na competição serão dois dos cinco que fracassarem na briga pela Libertadores e duas ou três equipes que hoje estão ameaçadas de rebaixamento, além do virtual campeão Sâo Paulo.

segunda-feira, 18 de outubro de 2004

Goleada da democracia


Não foi apenas a seleção brasileira que ganhou um presente dos mais de 80 mil torcedores presentes ao Maracanã para Brasil 5x0 Equador. O futebol maduro, responsável e, acima de tudo, democrático, agradece a uma torcida tão plural em seus manifestos. Por isso Pelé, rei com a bola nos pés, mas simples mortal com palavras na boca, escorregou ao criticar o comportamento dos brasileiros no maior estádio do país.

Vaia nasceu para criticar, jamais para ser criticada. As vozes uníssonas que tão cedo repreenderam o futebol enfadonho da seleção de Dunga clamavam o valor de cada centavo investido naquele espetáculo. Uma seleção que, em campo, não conseguia ser brilhante o suficiente para justificar todo o prestígio que a cerca não era capaz de superar o bloqueio imposto pelos equatorianos. Isso quando eram jogados apenas 20 minutos do primeiro tempo. Bastou para os atletas brasileiros despertarem do transe provocado pela própria torcida, ao proporcionar um espetáculo paralisante, jamais visto in loco por 10 dos 11 jogadores.

Foi instintivo. Infantil mesmo. E ninguém conseguiu disfarçar. As lágrimas nos olhos de Júlio César durante o hino nacional, as pernas pesadas de Ronaldinho a errar passes óbvios, o olhar tenso de Dunga, a alegria menina de Robinho e Kaká, sabedores do dever cumprido - antes tarde do que nunca. Cada qual ao seu modo expressou sua pequenez diante da história do maior do mundo. Com a torcida não foi diferente.

Como lembrou no intervalo Fernanda Montenegro, presente à histórica partida em que mais de 100 mil vozes vaiaram uníssonas a entrada de Julinho Botelho no lugar de Garrincha, isso lá pelos anos 60. Pois Julinho, único personagem de quem hoje Fernanda se recorda, fez questão de dizer que ele sim tinha razão, ao ter sido escolhido. O tempo mostrou quem estava certo.

O tempo da superproteção institucional ao astros da seleção foi sepultado com o quinto lugar na Copa da Alemanha. Agora, os poderes são divididos. Dunga comanda, mas não manda. Jorginho auxilia, mas não expõe ninguém a esmo. Quem treina bem joga e quem vai mal em seu clube assiste de casa.

Nada mais saudável então do que o intempestivo termômetro do torcedor. Sempre disposto a vaiar muito quando as coisas vão mal e aplaudir de pé o bom espetáculo, ele é o fiel da balança dessa estrutura horizontal de honestidade de princípios sobre a qual nossa seleção desfila às portas da Copa de 2010. A caminho da África do Sul, torcedores e jogadores celebram em um só coro o fim do apartheid multi-estrelar na seleção brasileira de futebol. E se orgulham de serem brasileiros com muito amor e muita crítica - como apraz a qualquer bom casamento.

domingo, 3 de outubro de 2004

Um sonho ao alcance













Diria o pessimista que sonhar com uma Copa do Mundo ou uma Olimpíada no Brasil é perda de tempo. Realizar ambos os eventos em um intervalo de dois anos, então, seria possibilidade quase nula até para o mais fantasioso otimista. Mas com base em fatos, e boas justificativas, o Brasil se vê, hoje, com boas chances de receber a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016.

O caderno de encargos para a realização da Copa já foi entregue à Fifa. O país segue no pleito como candidato único. Consistente, o projeto brasileiro conta com as garantias governamentais firmadas pelo presidente Lula, além de estar voltado para a captação de recursos financeiros do setor privado – diferentemente do projeto do Pan, que foi quase todo bancado pelos cofres públicos.

No dia 30 de outubro, a Fifa confirma ou não o Brasil como sede da Copa-2014. As chances de ouvir o “sim” da entidade são do tamanho do sonho de receber novamente, depois da Copa de 50, o evento maior do futebol. Enquanto a Copa parece uma conquista mais palpável, o objetivo de sediar uma Olimpíada está um pouco mais distante. Ainda assim, a ambição do Comitê Olímpico Brasileiro é realista e, sobretudo, realizável.

Há um longo caminho a ser percorrido até a data em que o COI anunciará a cidade-sede das Olimpíadas de 2016, em outubro de 2009. Sediar um evento olímpico requer estrutura e planejamento muito mais consistentes que a organização de um Pan-Americano.

A postulação do Rio de Janeiro à sede olímpica surge em um momento favorável. O sucesso do Pan, e o ganho em infra-estrutura esportiva proporcionado pelo evento, credenciam a cidade como forte candidata a receber os Jogos Olímpicos em 2016. Os governos federal, estadual e municipal também já deram garantias e apoio à candidatura do Rio. Sem contar esses fatores positivos a favor da cidade, o próprio COI já admitiu o desejo em levar uma Olimpíada até a América do Sul.

Para isso, a entidade afirma que a América do Sul precisa “atrair” os Jogos. Cada vez mais consolidada como uma cidade global, especializada em receber grandes eventos, o Rio de Janeiro tem tudo para concretizar essa atração.

A história, ainda, faz questão de contradizer quem não acredita na possibilidade de o Brasil sediar dois megaeventos em um curto espaço de tempo – 2014 e 2016. Em 1970, o México recebeu a Copa do Mundo, sendo que, dois anos antes, havia recebido também os Jogos Olímpicos.

Mas o Brasil pode trilhar o mesmo caminho percorrido pelos Estados Unidos na década de 90. Em 1994, os norte-americanos sediaram a Copa e, dois anos mais tarde, a cidade de Atlanta foi sede da Olimpíada. Em 1987, os Estados Unidos haviam organizado os Jogos Pan-Americanos, na cidade de Indianápolis. Após sete e nove anos, respectivamente, o país recebeu a Copa de 94 e as Olimpíadas-96. Coincidentemente, essas são as mesmas distâncias de tempo que separam o Pan do Rio de Janeiro, realizado este ano, da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016.

Não dá para comparar as condições financeiras e estruturais de Estados Unidos e Brasil. No entanto, até 2014, o país tem tempo suficiente para traçar planejamentos sólidos e menos dependentes do dinheiro público para receber dois megaeventos esportivos. Ocasião e história conspiram a favor do Brasil. Portanto, daqui pra frente, sonhar alto faz parte das regras do jogo.

[Só como base de comparação: www.chicago2016.org, este é o site oficial da candidatura de Chicago, que, ao lado do Rio de Janeiro, já desponta como favorita para sediar as Olimpíadas 2016. Em uma rápida passagem pelo site, dá pra ver que a cidade tem pouquíssimas instalações prontas. Quase tudo não passa de projeções. E o projeto, a princípio, é bem parecido com o modelo aplicado no Rio para o Pan. A briga promete ser boa entre as duas cidades.]