quarta-feira, 30 de abril de 2008

Céu de prata


Cansada de vagar sob os olhares do cruzeiro, ela voltou sua alma para os céus de prata. De um lado, descobriu seu encanto, do outro percebeu que encanto também se cativa.

Assim, aquela menina morena voltou à sua pátria, mas não sem antes transbordar na alma uma felicidade celeste.

Amor aos montes, em conta-gotas, de prata e de praia. De vento frio e céu do oriente que dali por diante a orienta.

E este dom sacrossanto? A glória. Nos céus do amor, a glória é cristã. E fiel, porque pronunciada com alma e entusiasmo sublimes, deitados eternamente em berço esplêndido.

Quem negará que é amor o olhar errante pelo horizonte que nem daqui se avista? Pois que horizonte seja lembrança, confiança e esperança. Passado, presente e futuro em um sorriso doce e singelo de Monalisa, a desafiar os que pensam que só se amam os que sempre se tocam.

Porque tocar corações diariamente com palavras também é afagar almas banhadas por sonhos de prata. E ela aguarda com paciência o dia que prata virar ouro e escorrer por seus dedos a provar que valeu a pena cultivar amores cristãos.

domingo, 27 de abril de 2008

Na estrada


Na estrada...
Só ou acompanhada?
Tudo ou nada...
Ser amada?

Teus olhos contemplam o mar pálido
E sob o coração jaz céu esquálido
Faz-se noite o dia
E tristeza a alegria

O luar no dia da noite é luz
Mas na noite do dia não reluz.
A tristeza, companheira do céu...
Mel ou fel? Léu.

Ah, índia...
Queres a liberdade da natureza
A simplicidade e a beleza
Quem roubou tua pureza?

Queres ser como o rio
Seguir livre teu curso,
Driblar pedras anos a fio
Não te importas o discurso.

Tentas, em vão, reter o passado
Mas do coração, só o enfado
Recordação... Tudo acabado?

Versos minguam como o escuro que te acolhe
A aurora vem
Mas, pra ti, a noite é além.

E reserva teu sol para o trabalho,
Enquanto procuras atalho
Para trazer de volta a lua
Só tua.

De volta ao caminho, a rua.
Distante carinho,
Amor que floresce e esquece,
Paradoxo de uma vida que não aquece.

E, no inverno, persiste o amor
Como na primavera a flor
No verão o calor
E no outono a dor.