sábado, 1 de junho de 2013

Julgamento e sabedoria



Julgar pra quê? Quando a chuva cai, não julga se vai dar vida a novas plantas ou destruir cidades inteiras. Assim que o sol nasce, não questiona se será o vilão dos que não suportam o calor ou a beleza da paisagem enamorada.

Se Deus que é onisciente me concebeu, mesmo sabendo de cada falha que eu poderia cometer, mesmo conhecendo a fundo a alma do seu filho, sequer julgou se eu merecia ou não estar aqui, porque serei eu a julgar a falha alheia? Ainda julgo porque erro. E erro porque julgo. É recíproco enquanto eu for aprendiz. E nessa escola onde somos todos alunos e professores, a falha de uns é acerto de outros.

Por que seria você a atirar-me a pedra? Se julgares que mereço, faça-o. Mas tenhas certeza de que um dia terás a oportunidade de refletir por isso. Refletir como faz um espelho ou um riacho aos seus pés. Projeta tua imagem e te fazes crer que és único, sem perceber que não passas de uma projeção distorcida de ti mesmo.

E que curioso! Vivemos por essas projeções. Através de imagens falsas ou incompletas de nós mesmos ou daquilo que nos dizem para ser ou fazer. Quantas vezes nos perguntamos o que fazemos aqui?

A resposta a essa pergunta se chama busca. Por isso é uma estrada sem fim. Sem fim mas jamais sem rumo. Cada passo fica registrado. Se te ofendo, o perdão começa em mim. Se me maltrato, quem sabe a cura esteja em você?

Por que somos irmãos? Talvez porque o outro seja nada menos do que a extensão de cada um. Minha alegria só se completa quando te faço sabê-la. E meu luto só diminui quando olho para sua dor.

Se meu coração anda doente, não se conforma com a tua realização e trabalha em silêncio para que ela se desmanche. É nossa infância de espírito sem saber lidar com o brinquedo que não temos. Não seria tão melhor reconhecer e aprender em vez de julgar?

Por que o do outro é sempre mais gostoso? Porque sem o outro nada faria sentido. Por isso adoramos as fotos, os blogs, orkuts, facebooks, mp3, o bate-papo com os amigos e o almoço da família. Por isso choramos a partida de um ente querido. É um pedaço nosso que se vai, mesmo se um dia outro quiser essa vaga.

Nosso dia é curto. São 86 mil segundos que passam num piscar de olhos. Os anos se vão em bem menos tempo. Quando nos damos conta, lá estão os fogos a espocar nos céus e a esperança em nossa alma.

Então, por que julgar, criticar, ofender, magoar? Não podemos simplesmente sorrir ou chorar? Deixar fluir nosso sentimento como ele vem ao mundo. E nos abracemos diariamente, ainda que em pensamento, numa corrente de amor sem fronteiras.

Faz bem para os espíritos, faz bem para as cidades, famílias, para o meu vizinho, o seu, para o nosso país e para o planeta em que vivemos. Ele anda doente e só pede um pouco mais de amor. E isso nasce com cada um de nós. Pode acreditar.

2 comentários:

Marcela Beaklini disse...

Nossa Rafa, que texto bonito, bem escrito, me levou ás lagrimas! Tudo bem, ando sensível, choro à toa, mas concordo em tudo que vc fala. "Quem sabe um dia mais pessoas pensem assim e o mundo será um só". Meio que parafraseando Jonh Lennon...
Bjs e continue escrevendo bem e tendo pensamentos gratificantes! Vc vai longe, menino!

Rafa Barros disse...

Obrigado pelas palavras. Bom que elas toquem, façam refletir, quem sabe chorar... Importante é a gente compartilhar o que sente e pensa sem ferir, ofender, enfim... Beijão e tudo de bom!