segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

A beleza do teu léxico


Quando nossas línguas se encontram, não é preciso um dicionário para compreendê-las.

Cada gesto traz significado e profundidade 
Cada olhar, a explicação que carece de sujeitos e predicados.

Quem sabe um livro me desse conta de teu silêncio mais breve,
Ou uma crônica desnudasse as palavras cuidadosamente escolhidas.
Inútil, pois que páginas complexas seriam rasgadas pela singularidade do teu toque sereno

Mergulho nas entrelinhas de tuas verdades em busca da essência de uma alma pulsante
E tudo que encontro é esse oceano de cândidas contradições.
Pouso meu olhar sorridente no espelho d'água de tua íris
E a única resposta que enxergo é a multiplicação de perguntas desapressadas.

A beleza do teu léxico não vem da sintaxe precisa ou da riqueza semântica.
Está na simplicidade complexa das pausas certeiras
Pinçadas a esmo num universo de certezas errantes

Alma bela porque inquieta.
Instigante, pois doce,
Sem, no entanto, trazer a apatia dos que tudo aceitam
Ou a fúria de quem não mede as consequências do intempestivo.

Conquista-me ao revelar-te
Ganha-me ao esconder-te.
No fundo, porque busco não tuas convicções,
Mas os caminhos mais floridos de tuas sinuosas interrogações.

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