
Natália surge com a questão super pertinente: "Onde está o Marco Teórico?". Mas que pergunta complicada, essa... Não vou passar horas dissertando sobre o tal sujeito (ou seria objeto?) porque periga eu acabar encontrando-o. Mas que essa criatura advinda do âmago de qualquer professor universitário existe, disso não tenho a menor dúvida.
Achar o Marco... Curioso porque, tirando o Marco Polo e o Nanini, todo mundo que conheço é Marcos, Marquinhos ou Marcão. Desconfio que na nossa brasilidade inculta jogamos o pobre do Marco para escanteio. Pensando bem, um escanteio qualificado e excêntrico.
Tem o Marco da Revolução Russa (Markov?), da Tomada da Bastilha (Jean Marc, talvez...), da Independência Americana (esse deve ser o Mark) e os Marcos possessivos do dia-a-dia: "Marco contigo e você nunca aparece". Deve ter se apaixonado cegamente por ele...
Dizem que Jesus foi o Marco do Cristianismo. Peraí. Jesus foi Marco? E eu que jurava ser apenas João Batista o novo Elias ou vice-versa... Outros vaticinam: Fidel foi o Marco do comunismo em Cuba. Até tu, Fidel?
Quando quero me impor, demarco meu espaço. Olha o cara aí outra vez. Preciso pedir autorização ao Marco para extravasar meu eu-criativo, meu eu-lírico e todos os eus-raio-que-o-partam.
O problema é que, além de poliglota e onipresente, Marco é extremamente egocêntrico, logo malquisto. Marco com a noiva e a noiva não aparece: casamento desfeito. Marco no bar e você fura: no mínimo não vai com a cara do energúmeno (palavra feia, mas eu sei que a Natália vai gostar dela, então tá feita a homenagem). Marco às oito, você aparece às nove. Além de tudo, não tem a menor pontualidade - se bem que no Brasil isso nem é um grande defeito...
É, Natália, acho que vou te dever essa. Procurei e achei muitos marcos, mas o tal Marco Teórico talvez tenha me fugido em alguma esquina entre a subjetividade do não-pensamento à luz de Foucault e a ontologia psico-cognitiva de Freud. Isso te garanto que nem ele - Marco da psicanálise - explica!