sábado, 4 de outubro de 2008

Almas que brilham


Almas que brilham escondem-se sob casacos de simplicidade. Brilham em síntese e antítese. Logo, ironia. Mas que ironia singela, doce e instigante que a do ser humano... A diferenciar os que marcam dos que apenas passam.


O que seus olhares escondem? Inteligência. E esse sorriso aberto? Franqueza. Ah, sim. Essa não se esconde. Mas bem que poderia ser exemplo. Antídoto contra a blasfêmia da hipocrisia nossa de cada dia.

Por isso é especial. Quem se faz diferente por dentro não precisa de casca de borracha nem sorriso de barbie. Se não entendo, me desespero. Ela se limita a rir desse desespero. Que não é só meu, porque na verdade ri de toda essa ironia palpitante em almas dissimuladas, esforçadas em ser um rascunho mal-acabado de si próprias. 

Ela é e ponto. Melhor, reticências. A dizer que a vida segue aberta como no curso de rios que se cruzam a todo instante. De perto, mar sem fim. De longe, fluxo de energia a irrigar de consciência uma multidão de robôs alienados por um mundo de faz-de-conta. Não deixa de ser cômico que sejamos esboços encharcados de orgulho ambulante. E seu único orgulho seja se  encharcar de si mesma.

Um comentário:

Priscila Figueiredo disse...

Admiro essa capacidade de observação e mais, de traduzir o que ao seu redor. Muitas coisas são difíceis, quase impossíveis, de serem descritas em palavras sem parecer meloso ou exagerado. Você consegue.
E sua alma brilha. Não por seu talento evidente com as palavras, mas por sua capacidade de tornar inteligível o sensível.