Paixões em Valência
Foi uma ligação simples, mas avassaladora.
Dois gênios. Ele, liberal, sempre à esquerda. Ela, reservada, mais à direita.
Num golpe do acaso, se viram atraídos em Valência. Moravam longe, mas nada que aquela ponte não resolvesse.
Aos poucos, perceberam que se completavam. Ele tinha a oferecer o que preenchia seu vazio existencial. E não tardou para encontrarem a química ideal: elétricos de tão radiantes!
Mas relação, sabe como é. Ele acha que o laço é forte, ela se faz de desentendida e, por tabela, começam a sentir falta de algo.
Ele, sempre confortável em sua pseudo-doação, mal percebe que ela precisa de algo mais.
A união começa a se desgastar e logo ele se dá conta: há um outro elemento na história!
Começam a discutir na ligação: "Quantas pontes atravessei para te ver? E, de mais a mais, nos completávamos em uma química sólida!"
"De mais a mais, vírgula", ela retrucou. "E tampouco podemos dizer que é uma relação sólida", desdenhou.
"Mas você me traiu com esse mau-elemento!", esbaforiu irritado.
"Igualzinho a você. Aliás, vocês H são todos iguais..."
"Aqui, Ó!"
A instabilidade atingiu em cheio o núcleo da relação e tudo já parecia ir por água abaixo. Impossível ficar neutro diante de tamanho constrangimento.
Aí lhe ocorreu a ideia de gênio...
"Vá. Abra, sua ingrata.."
"Vê lá o que vai ser essa caixa."
"Já disse que pode abrir..."
Incrédula, desfez o mistério. E qual não foi a surpresa...
"Um anel! Que lindo!"
Foi a chave para reatar a ligação. Ele prometeu-lhe uma vida mais estável e dedicada dali em diante. Na semana seguinte, foram ao padre que, benzeno o anel, proclamou:
"Sejam felizes para sempre!"
E a velha Valência ficou pequena para eles dois...
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