terça-feira, 7 de agosto de 2007

Ao som da bola

* O texto abaixo foi postado há um ano no meu blog e adaptado para o Nem dou bola. Momento bem propício para a estréia neste espaço e para essa postagem. Afinal, os Jogos Parapan-americanos já estão batendo à porta.

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O que faz do futebol o esporte mais popular do mundo é justamente a sua praticidade. Não são necessários equipamentos complexos, nem mesmo aptidão para o esporte. Uma bola qualquer, um espaço delimitado e demarcações para as duas balizas. São os requisitos básicos para bater aquela tradicional “pelada”.

E, nessas condições, costumam surgir os melhores jogadores; nos subúrbios, nos campinhos de terra ou de várzea. O futebol não é exigente. Em qualquer lugar, quem quiser pode jogar.

Então, como distinguir um bom jogador dos demais?

Velocidade? Força física? Habilidade? Perspicácia? Visão de jogo? Mas quem disse que é preciso visão para jogar bola?

O "futebol de 5" é prova concreta de que a bola rola para todos. A modalidade é disputada por deficientes visuais e segue basicamente as mesmas regras do futsal. A quadra é adaptada para 40m x 20m e as partidas disputadas em dois tempos de 25 minutos.

As equipes têm quatro atletas de linha que jogam vendados. O goleiro enxerga normalmente. No entanto, ele só pode atuar em uma área reduzida, de 2m x 5m. Dentro da bola há um guizo, através do qual os atletas a localizam em quadra. Eles são orientados também por um “chamador” - técnico da equipe – que fica atrás do gol adversário. Por isso, nos jogos do futebol de 5, costuma-se pedir silêncio aos torcedores, que geralmente só vibram na hora do gol.

O Brasil é o atual campeão paraolímpico da modalidade. A seleção brasileira ganhou a medalha de ouro nos Jogos Paraolímpicos de Atenas, em 2004, após vencer a Argentina na final - se bobear, até em futebol de botão os argentinos também são fregueses. Medalha que o país ainda não conseguiu ganhar em Olimpíadas.

Os brasileiros são favoritos nos Jogos Parapan-americanos Rio 2007, que começam na semana que vem, de 12 a 19 de agosto.

Assista aqui a um vídeo da Associação de Esporte e Cultura para Deficientes Visuais, a URECE. A Associação trabalha no estado do Rio de Janeiro incentivando o esporte e promovendo o acesso à cultura por parte dos deficientes visuais.

Dá para notar que nem mesmo a falta da visão impede a prática de um futebol bonito de se ver.

2 comentários:

Rafa Barros disse...

Belo texto, amigo! Sabe que fui na casa da Maria Carol no último domingo e estávamos conversando justamente sobre o futebol de 5. Tive o prazer de cobrir o III Mundial de Futebol de 5, realizado na Andef (associação niteroiense de deficientes). É impressionante ver o que eles são capazes de fazer com a bola. Sabe outra coisa interessante? Eles não poderiam acompanhar as partidas dos rivais não fosse pela ajuda dos membros da comissão técnica. Sentados das arquibancadas, eles têm o jogo narrado completamente. Assim, ampliam sua "visão" de jogo e descobrem os atalhos para chegar ao gol adversário. E pensar que tanta gente que enxerga anda maltratando a bola por aí...

Anônimo disse...

Esse povo combina churrasquinho aos domingos e nem chama... tsc tsc

E concordo que muito jogador de Vasco, Flamengo, etc passaria por dificuldades se batesse uma pelada com o pessoal do fut-5.