terça-feira, 9 de novembro de 2004

Dilemas tricolores

São Paulo e Fluminense estão classificados para a Libertadores da América 2008 e podem assistir de camarote à briga pelas três vagas restantes para o torneio continental. Mas a tabela permite que os tricolores façam mais do que isso e Muricy Ramalho já disse: vai com o time tilular para a "decisão" contra o Grêmio, no Morumbi. Decisão? Exatamente.

Para o técnico são-paulino, vencer o time gaúcho no próximo fim-de-semana é eliminar um futuro concorrente ao título de melhor das Américas. Rogério Ceni faz coro e afirma o que não se pode dar sopa a um time "copeiro", acostumado a torneios de tiro curto, ou o destino do clube mais bem-estruturado do país pode ser uma nova eliminação frente ao tricolor dos pampas.



Com o Fluminense, o raciocínio é o mesmo. Vai a São Paulo na próxima rodada com a chance clara e manifesta de complicar de vez a vida do Palmeiras. O Palestra Itália vai virar uma panela de pressão, porque o sempre quente sangue italiano não vai tolerar novo insucesso após derrotas inesperadas para Juventude e Sport. Na última rodada, as vezes de estraga-prazeres será contra o Santos, na Vila Belmiro. Como a tabela não é lá muito amena para o Peixe - pega Flamengo no Rio e Paraná em Curitiba -, periga o tricolor carioca deixar na baixada santista um gosto muito amargo de decepção.

Curioso como o futebol apronta para os eternos rivais. Prejudicar o Grêmio, para o campeão São Paulo, é ajudar Palmeiras e Santos a chegar à competição continental. Do mesmo modo, atrapalhar a vida de palestrinos e santistas, pode significar para o Flu entregar a vaga ao Flamengo. E por falar em inimigos venais, o que dizer dos colorados, que, se vencerem Palmeiras e Cruzeiro, justamente pavimentam o caminho do Grêmio para o principal torneio das Américas.

É, no mínimo, curioso que, por caprichos dos deuses da bola, equipes sem pretensão aparente dêem um tempero especial à reta final do Brasileirão. Anfitriões com entrada vip que poderão se gabar de dizer que, no finzinho das contas, escolheram a dedo quem os acompanharia na seleta festa da Libertadores da América.

Um comentário:

Anônimo disse...

Isso é mais uma prova de que a fórmula dos pontos corridos é, sim, emocionante até o final. As possibilidades são diversas: briga pra não cair, pela Libertadores, pela Sul-americana, pelo título, para atrapalhar o rival, para "escolher adversários" etc. Mas os pontos corridos só vão cair no gosto da galera mesmo no dia em que nosso futebol tiver pelo menos mais uns cinco ou seis times com a estrutura do São Paulo. Afinal, aqui não é Escócia ou Espanha, e o povo tá acostumado com rodízio constante de times na hora de levantar a taça.